sábado, 7 de agosto de 2010

MEU PAI


FRANCO DE HOLLANDA CAVALCANTI, filho de Manoel Caetano e Carlota Joaquina- Meu Pai!
Com muita honra para mim! Jamais foi pego em uma mentira, jamais ouvi de seus lábios uma palavra de dois sentidos. Seu caráter sem falhas, acima de tudo " um homem temente a Deus.
Lembro que por várias vezes o acompanhei "fazendo feira"; levava uma relação de tudo que iria comprar, preparada por minha mãe, Anotava tudo, o que havia comprado com seus valores pagos. Ao chegar em casa verificava se o restante do dinheiro "batia" com o total pago, se houvesse diferença para mais, voltava a feira e procurava os "matutos" até descobrir quem havia dado o troco errado e devolvia a diferença.
Cresci vendo lutando na "Fábrica de Sabão Esperança", de sua propriedade. Nem sempre alcançava êxito. Terminou fechando e nos dando a maior prova de sua honestidade.
Tudo que dispunha usou nas idenizações dos funcionários, passando a depender financeiramente de duas filhas, eu e minha irmã Dulce.
Não sabia fazer um afago aos filhos, nunca vi pronunciar "te amo" . Só minha mãe, a quem sempre tinha um gesto de carinho. Sabia que me amava por atitudes que tomava. Certa época quando estudava no internato do Colégio Evangélico Agnes Erskine , me visitava e saiamos a passear de bonde , onde colocava seu braço em minhas costas e me fazia ficar bem perto de seu coração. Há Saudades!!. Foi pai 32 vezes, 26 da primeira esposa , com quem casara aos 15 anos e ela l4 , duas crianças. Ela ainda brincava de bonecas presenteadas por ele. Seus primeiros filhos
eram mais irmãos que filhos. tinha como ajudadora fiel sua sogra. De minha mãe éramos 6 filhos
Sou o numero 30 desta prole numerosa. Membro da Igreja Presbiteriana de Palmares-Pe. Nos
cultos à noite sentávamos no lado dos homens(as igrejas àquela época, de um lado ficávamos as
mulheres e do outro os homens) o que não aceitava, dizia: "quando me casei prometi que viveríamos juntos sempre!
Aos sábados nos levava ao cinema para assistir aos seriados. Ao sairmos nos comprava ameixas, uma para cada filho, como eram gostosas aquelas ameixas! Quando um dos meninos havia desobedecido, o castigo era ficar em casa, esperando, pois sabiamos que antes do inicio do filme ele diria: Benigna vá em casa e pergunte se seu irmão se arrependeu, traga ele, sentava ao seu lado e tudo estava esquecido, isto era carinho ao seu modo. À mesa ninguém começava antes que ele desse Graças a Deus e pegasse no talher, então, poderíamos nos servir, rir, conversar com respeito pois Deus estava presente!
Gostava de seu nome, FRANCO, se uma carta lhe chegava com um nome parecido, Francisco por exemplo, mesmo que conhecesse a letra, devolvia ao correio. Outra coisa interessante que ocorria, quando alguém o chamava de compadre, respondia em alto e bom som: - Pára por aí, não batizei o teu filho. De tio: - Não sou irmão de seu pai, ainda bem, não o conheço. E sorria um riso gostoso.
Quando Deus resolveu leva-lo ao Lar Celestial, foi um dia muito triste. Apenas fechou os olhos e como um pássaro ferido partiu. Momentos difíceis para mim. Vestir meu pai, aquele homem púdico que jamais havia visto nem de pijama. Chamei um vizinho, seu amigo em respeito ao seu sentimento de pudor. Tenho certeza um dia irei encontra-lo no céu com minha mãe. A ele neste
Dia dos Pais presto minha homenagem sincera de um coração de filha que amou e foi amada.